Especialista esclarece as principais dúvidas sobre pílulas anticoncepcionais. Com 50 anos de existência, a pílula anticoncepcional ainda é cercada por mitos e dúvidas relacionadas à sua administração e aos benefícios além da contracepção.
Lançada nos Estados Unidos em 1960, a pílula anticoncepcional passou por grandes transformações ao longo dos últimos 50 anos. A partir da realização de pesquisas clínicas e do desenvolvimento de novos princípios ativos, a pílula anticoncepcional se modernizou, sendo atualmente disponibilizada em formulações com baixas doses hormonais, que alia a prevenção da gravidez aos benefícios além da contracepção.
A pílula anticoncepcional é amplamente utilizada no mundo, dados do Instituto Guttmacher, organização de saúde sexual dos Estados Unidos, revela que 80 milhões de mulheres fazem uso regular deste método contraceptivo. O maior percentual de consumidoras reside na Europa e nos Estados Unidos e utilizam o método para planejar o tamanho da família, se dedicar aos estudos e à carreira. Apesar do grande número de usuárias, a pílula anticoncepcional ainda é cercada por mitos e dúvidas, neste contexto, o Prof. Dr. Afonso Nazario, Chefe do Departamento de Ginecologia da UNIFESP esclarece os principais questionamentos sobre os contraceptivos orais.
1. Os hormônios presentes na formulação da pílula anticoncepcional apresentam riscos para as mulheres?
Prof. Dr. Afonso Nazario – De modo geral, os hormônios presentes no contraceptivo oral agem de forma positiva no organismo feminino, no entanto, é essencial que seja observado o perfil de cada paciente. Um estudo publicado na revista científica Expert Opinion (setembro/2008), demonstrou que o uso de pílulas anticoncepcionais por longos períodos diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio (camada interna do útero) e colo-retal. O estudo foi baseado na revisão de aproximadamente 100 trabalhos científicos e concluiu que a pílula pode ser utilizada também no tratamento da endometriose (doença em que áreas do endométrio se implantam fora do útero), da menorragia (fluxo menstrual intenso) e de miomas uterinos. Recentemente foi publicado na revista British Medical Journal (Março/2010) um artigo observacional iniciado em 1968 no Reino Unido em 1400 centros médicos, envolvendo 46.112 mulheres observadas por até 39 anos, resultado em 378.006 mulheres-anos de observação entre não usuárias de contraceptivos e 819.175 mulheres-anos entre usuárias de contraceptivos. Duas conclusões importantes foram feitas pelo autor (Hannaford):
- contracepção oral não está associada, a longo prazo, com aumento de risco de morte, nesse grande estudo de corte no Reino Unido
- o balanço entre risco e benefício pode variar globalmente, dependendo dos padrões de contracepção oral utilizada e risco da doença de base.
2. A pílula anticoncepcional altera a fertilidade futura da mulher?
Prof. Dr. Afonso Nazario – A pílula não altera a fertilidade futura da mulher e não possui efeito contraceptivo cumulativo, isto é, trata-se de um método reversível. Quando surge o desejo de engravidar, basta que a mulher suspenda o uso da pílula. Ressalto que o tempo para que ocorra uma gravidez depende do organismo de cada paciente, no entanto, em muitos casos, a fertilidade pode retornar no primeiro mês após a descontinuação do uso do método.
3. Como tomar a pílula corretamente?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Tome a pílula anticoncepcional sempre no mesmo horário, seguindo a sequência da cartela. Além disso, mantenha a cartela em local seco, sem exposição às altas temperaturas. Caso esqueça-se de tomar a pílula, observe primeiramente o período em que ocorreu a falha. Se for logo ao início ou no final da cartela, há a possibilidade de ocorrer a ovulação naquele mês, o que aumenta a chance de gravidez. Nestes casos, recomenda-se tomar a pílula que esqueceu logo que lembrar e a do dia no horário habitual, complementando a proteção com um método de barreira, como a camisinha feminina ou masculina. Caso o esquecimento ocorra por dois ou mais dias consecutivos, o ideal é se proteger com método de barreira.
4. A pílula anticoncepcional alivia sintomas da Tensão Pré-Menstrual (TPM)?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Os contraceptivos orais que possuem a drospirenona em sua formulação auxiliam na diminuição da retenção de líquido e inchaço, o que favorece a manutenção do peso corpóreo, além de melhorar os sintomas emocionais e físicos característicos da TPM, como nervosismo, ansiedade, alterações de humor, irritabilidade, cólicas menstruais, mastalgia (dor nas mamas), cefaleia (dor de cabeça) e distúrbios do apetite e do sono.
5. A pílula anticoncepcional engorda?
Prof. Dr. Afonso Nazario - Em geral, o uso de pílulas anticoncepcionais não aumenta o peso corpóreo. No entanto, em alguns casos, dependendo do tipo de hormônio da pílula, pode ocorrer acúmulo de líquidos em certos tecidos do corpo, o que contribui para a sensação de inchaço.
6. A pílula anticoncepcional desencadeia as dores de cabeça?
Prof. Dr. Afonso Nazario – A cefaleia é um sintoma comum durante a TPM e pode atingir inclusive as mulheres que não utilizam o contraceptivo oral. Algumas notam as dores de cabeça ao iniciar o uso ou trocar a pílula anticoncepcional, o que normalmente melhora após o período de adaptação do organismo ao hormônio. Ressalto, no entanto, que caso ocorram dores intensas ou fora do comum, é imprescindível que a mulher procure atendimento médico para avaliação detalhada.
7. A pílula anticoncepcional reduz a oleosidade da pele e do cabelo?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Diversos estudos comprovam que o uso da pílula anticoncepcional também é benéfico para a pele e o cabelo. Pílulas com drospirenona ou acetato de ciproterona contribuem para a redução da produção sebácea, isto é, da oleosidade responsável pela formação de cravos e espinhas e que, além disso, deixa o cabelo com brilho excessivo. O uso da pílula com estes componentes permite que a mulher tenha tanto a pele quanto o cabelo com um aspecto mais saudável.
8. É necessário fazer um período de descanso do uso de pílulas anticoncepcionais?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Não. A interrupção do uso da pílula anticoncepcional por um ou mais meses – sem indicação médica – não é recomendada, justamente por haver a possibilidade de ocorrer uma gestação não planejada neste período. É importante que a mulher faça acompanhamento médico regular durante o uso de contraceptivos orais.
9. Posso utilizar a pílula anticoncepcional indicada por uma amiga?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Não. Nunca empreste ou utilize uma pílula anticoncepcional indicada por sua amiga. Apenas o médico pode fazer a prescrição adequada de um contraceptivo oral, após avaliação clínica individual, que levará em consideração as suas principais necessidades e seu histórico médico.
10. Caso ocorra sangramento durante a tomada da pílula anticoncepcional, deve-se suspender o uso?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Não. Existe a possibilidade de sangramento de escape (durante a cartela) com qualquer pílula anticoncepcional, especialmente durante os primeiros três a quatro meses, mesmo durante o uso regular. A presença de sangramento em pequena quantidade (sem outros sintomas) não requer a interrupção do uso do contraceptivo oral, pelo contrário, a continuidade do uso fará com que o organismo se adapte ao produto. Na presença de sangramento intenso ou acompanhado de sintomas como cólicas, deve-se procurar o médico para uma avaliação.
Lançada nos Estados Unidos em 1960, a pílula anticoncepcional passou por grandes transformações ao longo dos últimos 50 anos. A partir da realização de pesquisas clínicas e do desenvolvimento de novos princípios ativos, a pílula anticoncepcional se modernizou, sendo atualmente disponibilizada em formulações com baixas doses hormonais, que alia a prevenção da gravidez aos benefícios além da contracepção.
A pílula anticoncepcional é amplamente utilizada no mundo, dados do Instituto Guttmacher, organização de saúde sexual dos Estados Unidos, revela que 80 milhões de mulheres fazem uso regular deste método contraceptivo. O maior percentual de consumidoras reside na Europa e nos Estados Unidos e utilizam o método para planejar o tamanho da família, se dedicar aos estudos e à carreira. Apesar do grande número de usuárias, a pílula anticoncepcional ainda é cercada por mitos e dúvidas, neste contexto, o Prof. Dr. Afonso Nazario, Chefe do Departamento de Ginecologia da UNIFESP esclarece os principais questionamentos sobre os contraceptivos orais.
1. Os hormônios presentes na formulação da pílula anticoncepcional apresentam riscos para as mulheres?
Prof. Dr. Afonso Nazario – De modo geral, os hormônios presentes no contraceptivo oral agem de forma positiva no organismo feminino, no entanto, é essencial que seja observado o perfil de cada paciente. Um estudo publicado na revista científica Expert Opinion (setembro/2008), demonstrou que o uso de pílulas anticoncepcionais por longos períodos diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio (camada interna do útero) e colo-retal. O estudo foi baseado na revisão de aproximadamente 100 trabalhos científicos e concluiu que a pílula pode ser utilizada também no tratamento da endometriose (doença em que áreas do endométrio se implantam fora do útero), da menorragia (fluxo menstrual intenso) e de miomas uterinos. Recentemente foi publicado na revista British Medical Journal (Março/2010) um artigo observacional iniciado em 1968 no Reino Unido em 1400 centros médicos, envolvendo 46.112 mulheres observadas por até 39 anos, resultado em 378.006 mulheres-anos de observação entre não usuárias de contraceptivos e 819.175 mulheres-anos entre usuárias de contraceptivos. Duas conclusões importantes foram feitas pelo autor (Hannaford):
- contracepção oral não está associada, a longo prazo, com aumento de risco de morte, nesse grande estudo de corte no Reino Unido
- o balanço entre risco e benefício pode variar globalmente, dependendo dos padrões de contracepção oral utilizada e risco da doença de base.
2. A pílula anticoncepcional altera a fertilidade futura da mulher?
Prof. Dr. Afonso Nazario – A pílula não altera a fertilidade futura da mulher e não possui efeito contraceptivo cumulativo, isto é, trata-se de um método reversível. Quando surge o desejo de engravidar, basta que a mulher suspenda o uso da pílula. Ressalto que o tempo para que ocorra uma gravidez depende do organismo de cada paciente, no entanto, em muitos casos, a fertilidade pode retornar no primeiro mês após a descontinuação do uso do método.
3. Como tomar a pílula corretamente?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Tome a pílula anticoncepcional sempre no mesmo horário, seguindo a sequência da cartela. Além disso, mantenha a cartela em local seco, sem exposição às altas temperaturas. Caso esqueça-se de tomar a pílula, observe primeiramente o período em que ocorreu a falha. Se for logo ao início ou no final da cartela, há a possibilidade de ocorrer a ovulação naquele mês, o que aumenta a chance de gravidez. Nestes casos, recomenda-se tomar a pílula que esqueceu logo que lembrar e a do dia no horário habitual, complementando a proteção com um método de barreira, como a camisinha feminina ou masculina. Caso o esquecimento ocorra por dois ou mais dias consecutivos, o ideal é se proteger com método de barreira.
4. A pílula anticoncepcional alivia sintomas da Tensão Pré-Menstrual (TPM)?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Os contraceptivos orais que possuem a drospirenona em sua formulação auxiliam na diminuição da retenção de líquido e inchaço, o que favorece a manutenção do peso corpóreo, além de melhorar os sintomas emocionais e físicos característicos da TPM, como nervosismo, ansiedade, alterações de humor, irritabilidade, cólicas menstruais, mastalgia (dor nas mamas), cefaleia (dor de cabeça) e distúrbios do apetite e do sono.
5. A pílula anticoncepcional engorda?
Prof. Dr. Afonso Nazario - Em geral, o uso de pílulas anticoncepcionais não aumenta o peso corpóreo. No entanto, em alguns casos, dependendo do tipo de hormônio da pílula, pode ocorrer acúmulo de líquidos em certos tecidos do corpo, o que contribui para a sensação de inchaço.
6. A pílula anticoncepcional desencadeia as dores de cabeça?
Prof. Dr. Afonso Nazario – A cefaleia é um sintoma comum durante a TPM e pode atingir inclusive as mulheres que não utilizam o contraceptivo oral. Algumas notam as dores de cabeça ao iniciar o uso ou trocar a pílula anticoncepcional, o que normalmente melhora após o período de adaptação do organismo ao hormônio. Ressalto, no entanto, que caso ocorram dores intensas ou fora do comum, é imprescindível que a mulher procure atendimento médico para avaliação detalhada.
7. A pílula anticoncepcional reduz a oleosidade da pele e do cabelo?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Diversos estudos comprovam que o uso da pílula anticoncepcional também é benéfico para a pele e o cabelo. Pílulas com drospirenona ou acetato de ciproterona contribuem para a redução da produção sebácea, isto é, da oleosidade responsável pela formação de cravos e espinhas e que, além disso, deixa o cabelo com brilho excessivo. O uso da pílula com estes componentes permite que a mulher tenha tanto a pele quanto o cabelo com um aspecto mais saudável.
8. É necessário fazer um período de descanso do uso de pílulas anticoncepcionais?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Não. A interrupção do uso da pílula anticoncepcional por um ou mais meses – sem indicação médica – não é recomendada, justamente por haver a possibilidade de ocorrer uma gestação não planejada neste período. É importante que a mulher faça acompanhamento médico regular durante o uso de contraceptivos orais.
9. Posso utilizar a pílula anticoncepcional indicada por uma amiga?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Não. Nunca empreste ou utilize uma pílula anticoncepcional indicada por sua amiga. Apenas o médico pode fazer a prescrição adequada de um contraceptivo oral, após avaliação clínica individual, que levará em consideração as suas principais necessidades e seu histórico médico.
10. Caso ocorra sangramento durante a tomada da pílula anticoncepcional, deve-se suspender o uso?
Prof. Dr. Afonso Nazario – Não. Existe a possibilidade de sangramento de escape (durante a cartela) com qualquer pílula anticoncepcional, especialmente durante os primeiros três a quatro meses, mesmo durante o uso regular. A presença de sangramento em pequena quantidade (sem outros sintomas) não requer a interrupção do uso do contraceptivo oral, pelo contrário, a continuidade do uso fará com que o organismo se adapte ao produto. Na presença de sangramento intenso ou acompanhado de sintomas como cólicas, deve-se procurar o médico para uma avaliação.